Adoro analogias. Elas nos ajudam a entender os mais variados assuntos, pois nos fazem enxergar uma determinada situação por vários ângulos. A que eu gostaria de falar hoje é a do "carro do metabolismo".
Imagine que você tem que fazer uma viagem de carro, e percebe durante a viagem que quando a velocidade excede 100 km/h, um barulho incômodo é ouvido, cessando assim que a velocidade diminui.
Você pensa: "quando chegar ao destino, tenho que ir ao mecânico", pois ainda haverá a viagem de volta, e você quer atingir a velocidade que quiser (dentro da lei, claro). Afinal, não temos um carro para nos "conformarmos" em não passar de uma determinada velocidade, não é?
Como transpor esse exemplo para o nosso metabolismo? Entendendo o carro como nosso organismo, podemos supor que a velocidade se refere à nossa alimentação e o barulho aos exames alterados, como glicemia, triglicerídeos, etc. O mecânico é o médico, e o conserto, o tratamento.
Dessa forma, podemos concluir que ninguém deveria se conformar com uma "velocidade" limitada (ou seja, dieta para sempre), e sim, buscar o "conserto" do defeito, para atingir todo o potencial do carro.
Mas não é o que vemos no tratamento do diabetes: ao invés de fortalecer o corpo ("consertar o carro") com aumento da atividade física, melhora do padrão de sono, controle dos fatores estressantes, uso de medicamentos e insulina, e principalmente, perda de peso, para poder comer livremente ("atingir a velocidade que quiser"), os diabéticos se sentem eternamente condenados a viver de dieta, como se o mecânico dissesse que "seu carro não tem conserto. Acostume-se com esse limite de velocidade". De todos os lados, seja de familiares, amigos e até profissionais de saúde, o que o diabético ouve é: "você é diabético. Não pode comer isso, isso e aquilo".
Talvez essa confusão venha do fato de que a obesidade ainda é uma situação onde devemos nos conformar com a manutenção eterna da dieta, para manter o peso estável, pois ainda não há qualquer tratamento que realmente permita que o obeso coma livremente sem recuperar os quilos perdidos. Nesse caso, o mecânico só pode consolar mesmo...
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